A proposta é é aprofundar o conhecimento do conceito de Narcisismo, e também, diferenciar um pouco mais da estrutura da personalidade
Diz o mito Grego que Narciso era uma criança tão linda e admirada que sua mãe, Liríope, preocupada com esse excesso, levou-o até o sábio Tirésias. Ele lhe disse que o menino só teria uma vida longa se jamais visse a própria imagem. Por muito tempo essas palavras pareceram destituídas de sentido, mas os acontecimentos que se desenrolaram mostraram seu acerto. Na adolescência, Narciso era um jovem belíssimo, mas muito soberbo. Ao passear certo dia pelo campo, a jovem Eco o viu e se apaixonou por ele, mas o rapaz a repeliu. Um dia, cansado, Narciso dirigiu-se a uma fonte de águas límpidas.
Eis então que a profecia se realiza: ao ver-se refletido no espelho das águas, enlouqueceu de amor pelo próprio reflexo. Embevecido, não tinha olhos nem ouvidos para mais nada: não comia ou dormia. Em vão, Eco suplicava seu olhar. Mas Narciso só olhava para si. Apaixonado, busca para aplacar sua dor um outro que, sendo ele mesmo, não lhe responde. Realiza-se, então, seu destino: mergulha no espelho das águas e desaparece no encontro impossível. Posteriormente, a mãe Terra o converteu em uma flor (narciso).
• Narcisismoé o amor de um indivíduo por si próprio ou por sua própria imagem, uma referência ao mito de Narciso.
• O termo "narcisismo“ foi introduzido na psiquiatria, no final do século XIX e viria a ser adotado no campo da psicanálise por Havelock Ellis (1898), para descrever uma forma de sexualidade baseada no próprio corpo do indivíduo. Estando relacionado com o auto-erotismo. O narcisismo consiste em uma concentração do instinto sexual sobre o próprio corpo.
• Os indivíduos narcisistas são frequentemente fechados, egocêntricos e solitários.
Narcisismo segundo Freud
O narcisismo é atualmente um conceito na teoria psicanalítica, introduzido por Sigmund Freud em seu livro Sobre o narcisismo. A Associação Americana de Psiquiatria o classifica como Transtorno de personalidade narcisista, em seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Freud acreditava que o narcisismo existe quando a libido está direcionada para si próprio.
De acordo com Freud, o narcisismo é uma característica normal em todos os seres humanos. Está relacionado com o desenvolvimento da libido (como desejo sexual, Eros).
Na linha psicanalítica de Freud, o narcisismo como perversão sexual é uma fixação de uma fase de transição da infância, em si normal. Está correlacionado, em parte com a homossexualidade e o exibicionismo, entre outras características da conduta sexual.
Em Psicanálise, narcisismo representa um modo particular de relação com a sexualidade, onde o sujeito assume a imagem do seu corpo próprio como sua, e se identifica com ela (eu sou essa imagem).
Na obra ”Sobre o narcisismo: uma introdução” (1914) , Freud introduz o conceito de narcisismo. Ele postula que todos os seres humanos têm algum nível de narcisismo em seu desenvolvimento.
O narcisismo se transforma em patologia, ou seja, passa do estado normal para o doentio, quando entra em conflito com idéias culturais e éticas, tornando-se excessivo e dificultando as relações normais do indivíduo no meio social.
O Narcisismo não leva apenas à patologia, ele também é um protetor positivo do psiquismo. Ultrapassa o auto-erotismo para fornecer a integração de uma figura positiva e diferenciada do outro.
De acordo com os estudos de Freud, o narcisismo pode ser dividido em duas etapas: narcisismo primário(fase auto-erótica) e o narcisismo secundário(quando o indivíduo desenvolve o ego e consegue diferenciar os seus desejos e o que o atrai do resto do mundo).
Narcisismo primário:
• O primeiro modo de satisfação da libido seria o auto-erotismoconceituado como o prazer que o órgão retira de si mesmo; essas pulsões, de forma independente, procuram cada qual por si, sua satisfação no próprio corpo. Nesse período, ainda não existe uma unidade comparável ao eu, nem uma real diferenciação do mundo.
• Em seu texto de 1914 sobre o Narcisismo, Freud destaca a posição dos pais na constituição do narcisismo primário dos filhos. Freud fala que o amor dos pais aos filhos é o narcisismo dos pais renascido e transformado em amor objetal. O Narcisismo primário representaria de certa forma, uma espécie de onipotência que se cria no encontro entre o narcisismo nascente do bebê e o narcisismo renascente dos pais.
• Narcisismo primário preexiste em todos os seres humanos; este tipo de energia está presente desde o nascimento. Freud especula que este é o mesmo tipo de energia evidente em crianças e jovens. Neste momento de sua vida, as crianças, muitas vezes acreditam ser ‘super seres’ capazes de realizar proezas incríveis apenas por suas palavras. Segundo Laplanche e Pontalis (2008), o narcisismo primário designa um estado precoce em que a criança investe toda a sua libido em si mesma. No entanto, em algum momento de sua vida, este narcisismo primário é dirigido para o exterior, para um objeto.
Narcisismo secundário:
• No caso do narcisismo secundário há dois momentos: primeiro o investimento nos objetos; e depois esse investimento retorna para o seu (ego). Quando o bebê já é capaz de diferenciar seu próprio corpo do mundo externo, ele identifica suas necessidades e quem ou o que as satisfaz; o sujeito concentra em um objeto suas pulsões sexuais parciais, há um investimento objetal, que em geral se dirige para a mãe e o seio como objeto parcial.
• Em relação ao narcisismo secundário,Freud diz que o mesmo se desenvolve quando os indivíduos direcionam este afeto de objeto de volta a si mesmos. Isto é, após a libido já ter sido projetada para fora, para outros objetos além de si mesmo. O resultado é que um indivíduo se torna desinteressado em outros. Freud postula que tal indivíduo terá baixa autoestima devido à sua incapacidade de expressar o amor para os outros e que eles expressem amor para ele. Além disso, essa pessoa pode ficar cheia de vergonha, culpa e muitas vezes fica na defensiva, isso ocorre porque o narcisismo faz com que um indivíduo busque a autopreservação.
• Com o tempo, a criança vai percebendo que ela não é o único desejo da mãe, que ela não é tudo para ela; “sua majestade, o bebê começa a ser destronado. Essa é a ferida infligida no narcisismo primário da criança. A partir daí, o objetivo consistirá em fazer-se amar pelo outro, em agradá-lo para reconquistar o seu amor; mas isso só pode ser feito através da satisfação de certas exigências; a do ideal do seu eu.”(Nazio)
Narcisismo e Perversão em Freud
Perversão:
• Julien (2003) e Ceccarelli (2001) indicam que, considerando a história da palavra perversão, seu significado está atrelado à palavra perversidade, uma concepção moralista e religiosa que antecede qualquer pressuposto. Perverterevem do latim “desviar”, que significa desviar o bem em mal, ou seja, mesmo que o ser humano deseje o bem, ele faz o mal. Inverter o bom em seu contrário é o que irá determinar os efeitos da perversão.
• O perverso não é um psicótico, ele sabe que o seu objeto de desejo é como outro qualquer; a diferença é que ele reconhece a atribuição e o respeito que transfere ao objeto, dotando-o de características que não são essencialmente dele.
Alguns estudos definem a sociedade narcísica como aquela que através de seus exercícios não sustenta a interação social, o respeito às diferenças e afunda constantemente o sujeito em todos os aspectos inerentes da supervalorização do individualismo. Pressupõe-se, assim, que a sociedade do espetáculo, cada vez mais calcada no narcisismo, acaba por ceder espaço à perversão.
O sujeito da sociedade narcísica não é o Deus, mas um deus. A valorização da própria imagem é a única via de expressão para um indivíduo que experienciou a impotência de forma tão marcante que tornou extremamente difícil a aplicação da solidariedade social. O que esperar de um sujeito que se ilude com novas versões do mesmo embuste (mentira ardilosa)? Quando percorre uma nova trilha de um sonho de sucesso, ele abraça o fracasso.
A sociedade competitiva que vivemos e que evidencia a necessidade do sucesso pode produzir uma imagem negativa do indivíduo e por consequência uma baixa autoestima. A competição no ambiente familiar entre irmãos, dentro das salas de aula, nos esportes, na popularidade, as propagandas de determinados produtos que supostamente geram aceitação no meio social, a mídia, as marcas; enfim, nessa disputa sempre há vencedores e perdedores. Os perdedores tem dificuldade de aceitação e se sentem inferiores; os vencedores, por sua vez, podem, com a vitória, serem reforçados para se comportarem egoisticamente, exacerbando seu amor próprio.
A questão da beleza, em sociedades como a nossa, que valorizam mais a estética, pode derrubar a autoestima da criança.
Com 3 ou 4 anos, uma criança já aprende parcialmente o significado da beleza pessoal. Para uma criança bonita os adultos sorriem, elogiam, fazem festa, mas a criança que não é muito atraente, é ignorada, não recebe atenção nem elogios.
Também a questão da inteligência é outro fator crítico para medir o valor de um indivíduo. Parece que os pais competem com outros pais quanto a isto, gostam de se orgulhar da inteligência do filho e querem que ele seja melhor em tudo. E também fazem comparação com outras crianças. Na verdade esses pais não estão pensando nos filhos, e sim na satisfação que sentem. E quando a criança não atinge as expectativas dos pais, isso causa marcas de frustração e inadequação.
Pessoas narcisistas são apaixonadas por si mesmas. Para os especialistas, muitos líderes possuem alguma característica ou traço narcisista. Mas os melhores líderessão aqueles que aprenderam a reter seus egos e a moderar os efeitos negativos do narcisismo.
O Narcisista enxerga o seu semelhante como objeto (coisa material)e na relação interpessoal do dia a dia, o seu próximo não passa de mero abjeto (algo indigno e desprezível), Quem tem esse comportamento imoral(contra a moral, libertino, devasso), excessivamente se gaba e ri de suas “estórias” e piadas sujas.
• Por vivermos na era do “descartável”, a proliferação de narcisistas é até profética.
• (IITimóteo 3.1-5) “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando os eu poder. Afaste-se também destes”.
Narcisismo em Lacan:
Para Lacan, o narcisismo corresponde ao investimento do eu pela libido que, neste ato constitui-se como libido narcísica.
Por volta dos seis meses de idade, o bebê reage jubilosamente diante da percepção de sua própria imagem no espelho. Para Lacan o bebê tem uma representação fantasmástica do corpo, na qual este aparece fragmentado.
Na experiência do espelho o sujeito se identifica com algo que não é; ele acredita ser o que o espelho lhe reflete, acaba se identificando com um fantasma, é uma ilusão da qual procurará se aproximar. Para Lacan isso é um modelo de vínculo que operará durante toda a vida.
Em sua obra, Freud especula que o narcisismo tem fontes distintas. Em primeiro lugar, a pessoa é impulsionada por uma necessidade de autopreservação; em segundo lugar, o indivíduo é movido pelos instintos sexuais, essencialmente a necessidade de procriar. Durante a infância, estas duas unidades são geralmente as mesmas. Em essência, quanto mais a ‘libido’ é projetada para os outros (libido objetal), menos energia existe para o amor-próprio (libido do ego). Em essência, Freud postula que o objeto da libido emana de uma necessidade de garantir a sobrevivência da espécie. Consequentemente, Freud argumenta que o conceito de amor é para garantir a continuação da espécie. Ele argumenta ainda que, para o indivíduo e a espécie sobreviverem, há uma necessidade de manter um delicado equilíbrio entre estas duas libidos. Por exemplo, se um indivíduo quer comer, ele deve ter alguma libido do ego, no entanto, se ele quer que a espécie sobreviva, ele deve ter libido objetal. Um desequilíbrio ocorre quando muita energia é dirigida para dentro, para o indivíduo.
Relação entre narcisismo e homossexualidade
Nos últimos capítulos de sua obra, Freud procura explicar a causa da homossexualidade. De acordo com Freud, na relação entre mãe e filho, a criança orienta o seu afeto para fora em relação à mãe. No entanto, os homossexuais não aprendem a projetar a sua libido objetal corretamente. De acordo com Freud, esses indivíduos procuram a si mesmos como um objeto amoroso. De acordo com Freud, este é o narcisismo em sua forma mais pura.
No estudo sobre Leonardo da Vinci (1910), Freud tenta demonstrar a significação homossexual.
Até seus cinco anos Leonardo viveu com a mãe, o que estimulou uma forte ligação entre ambos. Sua pulsão sexual toma a mãe como objeto de amor e suas condutas sexuais se ligam a esse amor. Freud assinala que a relação erótica com a mãe e a ausência ou desprezo paterno no desenvolvimento infantil fornecem a Leonardo apenas o modelo feminino a seguir de modo que a percebe como igual, toma-a como objeto e posteriormente substitui esta escolha por identificação. Quando, aos cinco anos de idade, vai morar com o pai sua madrasta torna-se um substituto da mãe. Ao identificar-se com a madrasta toma o pai como rival. O amor pela figura materna e as condutas sexuais ligadas a esse amor são esquecidas frente à ação da repressão, que age para evitar o desprazer frente à ameaça de castração.
Para Freud, a especificidade da repressão no homossexual é explicada pelo horror desse frente à descoberta da castração da mãe. Ele não aceita a castração, diante da qual regride e substitui o amor objetal pela identificação com a mãe. Regride libidinalmente para o estágio do desenvolvimento em que o ego não se distingue do objeto e, dessa forma, a mãe é preservada em seu aspecto fálico. Um estágio do desenvolvimento sem castração, sem dor, em que o prazer governa. Seus objetos de amor seriam escolhidos de acordo com a própria imagem pela via do narcisismo, constituindo-se substitutos da mãe e de si mesmo.
O menino reprime seu amor pela mãe pondo-se ele mesmo no lugar dela, identificando-se com ela e tomando a sua própria pessoa como modelo a semelhança do qual escolhe seus novos objetos de amor. Assim se tornou homossexual; na realidade, tem deslizado para trás, até o autoerotismo, pois os homens a quem ama agora, já crescido, não são senão pessoas substitutas e novas versões de sua própria pessoa infantil, e os ama como a mãe o amou quando era criança. Dizemos que escolhe seus objetos de amor pela via do narcisismo, pois Narciso, segundo a lenda grega menciona, era um jovem a quem nada agradava mais do que sua imagem refletida no espelho, e assim foi transformado na bela flor de mesmo nome.
O homossexualismo se daria pela fixação do sujeito numa fase em que não havia tomado conhecimento da diferenciação anatômica entre os sexos.
Relação entre o narcisismo e o auto-erotismo
Auto erotismo é, numa perspectiva psicanalítica, a fase de amor próprio da sexualidade infantil, o estádio de desenvolvimento emocional em que o prazer sexual é adquirido somente através da experiência subjetiva. Nesta, uma pulsão parcial encontra prazer num local (zona erógena), sem existir uma unidade corporal.
Esta fase auto erótica surge durante o período de amamentação. Deve-se distinguir do narcisismo, já que o autoerotismo não tem objeto, enquanto que no narcisismo o ego é reconhecido como sendo do próprio e a criança sente o seu corpo como objeto de amor.
Segundo Freud, os narcisistas incidem sobre si mesmos a escolha do objeto sexual, projetando sobre seus parceiros características que são próprias de sua personalidade, buscando neles pontos que coincidam com sua forma de ser, para que possam amar estas pessoas como foram amados por suas mães.
Em outros estudos, o pai da Psicanálise mostra o mecanismo narcísico como um encolhimento da libido ao âmbito do ego e demonstra como estes eventos mentais conduzem a outros distúrbios, como a megalomania (aquele que demonstra ambição demasiada, orgulho desmedido e/ou gosto excessivo pelo grandioso, majestático) e a crença no poder supremo do pensamento.
RESUMO DO CONTEXTO DA FORMAÇÃO DO CONCEITO DO NARCISISMO
Podemos dividir a obra freudiana em dois grandes momentos do pensamento de seu autor. O primeiro momento corresponde à primeira divisão tópica do aparelho psíquico, e compreende os períodos 1885 a 1919, e o segundo momento corresponde à segunda divisão tópica do aparelho, que compreende o período de 1920 a 1939. A passagem da primeira para a segunda tópica ocorre por meio da retomada e da alteração de alguns conceitos, além da introdução de outros, envolvidos no desenvolvimento e fundamentação da estrutura teórico-explicativa freudiana. Entre as noções consideradas fundamentais para a “virada” dos anos 20, a noção do narcisismo exerce um papel capital, pois a idéia de investimento do ego pela libido, que ela introduz, não permite mais a manutenção de um suposto conflito pulsional entre pulsões sexuais e pulsões egóicas. A partir daí, Freud se vê obrigado a introduzir um novo dualismo pulsional. O modelo constituído em torno da oposição entre a pulsão de autoconservação e a pulsão sexual entra em crise a partir da noção de narcisismo, precipitando a mudança da teoria das pulsões, ocorrida em 1920.
O princípio de realidade se estabeleceria porque o princípio de prazer não pode manter a vida do indivíduo; ele é regido pelo que é real, ainda que seja desagradável. A derrota do princípio do prazer se dá por meio do abandono de um prazer fantasioso e momentâneo, em favor da busca de um prazer futuro, porém real e duradouro.
Antes da introdução do termo narcisismo, o conflito psíquico se reduzia à oposição, de um lado, entre as pulsões de autoconservação, as forças recalcantes, o princípio da realidade e o sistema Pcs/Cs; e de outro, entre as pulsões sexuais, as representações recalcadas, o princípio do prazer e o sistema Ics. As pulsões sexuais seriam inconciliáveis com o ego, enquanto as pulsões de autoconservação estariam a serviço do ego, a instância que representaria as exigências da realidade.
Com a introdução do conceito de narcisismo as pulsões de autoconservação permaneceriam opostas às pulsões sexuais, embora estas se encontrassem divididas, agora, em libido de objeto e libido do ego. Como conciliar o ego, representante da realidade com um investimento sexual no próprio ego? Nesse ponto as coisas se complicam e se misturam, pois ao ego se atribui o investimento sexual.
Apesar de reconhecer as falhas do antigo dualismo pulsional, Freud só o abandona quando dispõe de um novo, já presente em “Além do princípio de prazer”, mas só realmente explicitado em “O ego e o Id”.
Com a Segunda tópica, Freud propõe novas instâncias psíquicas para o aparelho, a saber, o Id (Isso), o Ego (Eu) e o Superego (Supereu).
Freud postula que um ser humano tem originalmente dois objetos sexuais – ele próprio e a mulher que cuida dele – o que leva a considerações de um narcisismo primário em todos, o qual, em alguns casos, pode manifestar-se de forma dominante em sua escolha objetal.
Com o conceito de narcisismo Freud (1914) propôs a constituição do ego (eu) a partir de ser ele o objeto da pulsão. O narcisismo seria o momento organizador das pulsões parciais, permitindo a passagem do auto-erotismo para o investimento libidinal de um objeto exterior.
Em Freud o Ego não existe desde de o início, deve se constituir através de um ato pelo qual o eu identifica-se com a imagem de seu corpo, imagem que assume como sua, e mais ainda, como sendo ele próprio.
Segundo Freud, os narcisistas incidem sobre si mesmos a escolha do objeto sexual, projetando sobre seus parceiros características que são próprias de sua personalidade, buscando neles pontos que coincidam com sua forma de ser, para que possam amar estas pessoas como foram amados por suas mães.
A questão do ideal do ego: Esta questão é tratada na secção III de “Introdução ao narcisismo”, onde o termo “ideal do ego” aparece pela primeira vez, sendo designado como uma formação intrapsíquica que serve de referência ao ego atual, como um o modelo ao qual o indivíduo procura conformar-se. Para Freud, o ideal do ego tem origem narcísica, pois o sujeito projeta como seu ideal o substituto do narcisismo infantil, o deslocamento da libido a um ideal de ego. O desenvolvimento do ego consiste, segundo Freud, num distanciamento do narcisismo primário em razão da crítica que os pais exercem com relação à criança. A criança deixa de ser o centro das atenções, mas busca reaver essas atenções a partir e baseado em um modelo.
Narcisismo e pulsão
Como o conceito de pulsão está estreitamente ligado aos conceitos de libido e de narcisismo, então vamos resumir aqui esses dois conceitos:
• Pulsão:Refere-se ao processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz tender o organismo para um alvo. Termo empregado por Sigmund Freud em 1905 para designar o ato de impulsionar. Pulsãonão deve ser confundido com instinto (instinct) ou tendência (drive). Freud diferencia pulsão sexual de instinto sexual. Para ele a pulsão sexual não se reduz às atividades sexuais, mas é um impulso cuja energia é constituída pela libido.
• Libido:(do latim “anseio ou desejo”) É caracterizada como a energia aproveitável para os instintos de vida. De acordo com Freud, o ser humano apresenta uma fonte de energia separada para cada um dos instintos gerais. Já Carl Gustav Jung quis dizer que a libido, em geral, é toda a energia mental de um homem. Ao contrário de Freud, Jung considera esse poder como semelhante a um esforço geral para alguma coisa.
Referências bibliográficas:
ZIMERMAN, D. Fundamentos psicanalíticos. Teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Entendendo o Narcisismo
TESTE DE PERSOMALIDADE NARCISISTA
O que propomos nesta disciplina, é aprofundar o aluno no conhecimento não só do conceito de Narcisismo, como também, fazê-lo diferenciar um pouco mais da estrutura da personalidade humana.
Objetivo geral: Explicar o conceito da construção da teoria sobre o Narcisismo, fazendo-os conhecer a questão do narcisismo primário e secundário, trazendo o conhecimento de si e do outro, e as diferenças entre instintos e libido. E o conceito da diferenciação e formação do narcisismo em suas instâncias psíquicas.
Conteúdo programático
Introdução da construção do Narcisismo
a) O Que é narcisismo?
b) Perversão ou imoralidade em Freud?
c) Instinto x Pulsão
Narcisismo X homossexualismo
a) Aspectos individuais da atitude narcisista
b) Diferenciado neurose da Perversão
c) Introdução a Demência Precoce
Narcisismo primário x Narcisismo secundário
a) Desequilíbrio energético
b) Os parafrênicos e sua dificuldade de tratamento
c) Diagnóstico Diferencial
d) Catexias
As dificuldades sobre este assunto
a)Qual a relação entre o narcisismo de que tratamos e o auto-erotismo?
b)Por que há necessidade de distinguir ainda uma libido sexual de uma energia não-sexual dos instintos do ego?